Durante o período de inflação crônica vivido pelo Brasil, entre as décadas de 1970 e 1990, a moeda perdeu uma de suas principais funções, qual seja, a de reserva de valor. Os brasileiros nascidos até a metade da década de 1980 foram educados a se livrar rapidamente do dinheiro, trocando-o por mercadorias ou bens, sob risco de perda de parte do patrimônio corroído pela inflação.
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Somem-se a esses fatores, a condição financeira de significativa parte das famílias brasileiras, principalmente aquelas que, historicamente, estiveram excluídas do acesso à propriedade. Tanto na condição de habitantes do campo quanto do meio urbano.
Com o crescimento econômico experimentado pelo Brasil, nas últimas duas décadas, acrescido das facilidades de crédito, as famílias estão optando pela aquisição de propriedades, principalmente de habitações para uso próprio.
Nesse caso, é sempre recomendada a opção pela propriedade do imóvel. Esta é mais do que uma pré-condição para uma melhor qualidade de vida. É, também, uma condição de cidadania.
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Quando começamos nossa vida profissional, particularmente no caso das pessoas que ambicionam um crescimento patrimonial, o desejo da propriedade é extremamente aguçado. Olhamos os bens materiais e só enxergamos o lado bom. Somos quase que incapazes de enxergar as dificuldades, tanto na obtenção quanto na manutenção do bem.
É interessante que, em certo período da vida, paramos para refletir e constatamos duas questões relevantes: primeiro, temos o sentimento de que passamos à condição de escravos dos bens que amealhamos ao longo da vida; segundo, além de dispensar uma parte significativa de nosso tempo para cuidar de sua manutenção, conservação e preservação, temos ainda que trabalhar, e muito, para fazer face aos desembolsos financeiros necessários para manter sua propriedade.
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Isso porque, na maioria das vezes, os bens que adquirimos nos dão mais despesas do que receitas. Principalmente se considerarmos que hoje, no Brasil, os aluguéis de imóveis, na maioria das cidades, estão extremamente baixos. E tão mais baixo, quanto maior o valor do imóvel, com exceção de alguns imóveis urbanos muito bem localizados, o que não é o caso da maioria.
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Como contrapartida financeira imediata, somente o recebimento do aluguel que, muitas vezes, não chega a atingir 0,50% do valor do imóvel, considerando que, em primeiro lugar, somente a inflação atual atinge índice próximo desse percentual e que, em segundo lugar, em muitas cidades a valorização do imóvel é bem pequena.
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Outra variável que precisa ser colocada na equação é o fato de que, à medida que vamos envelhecendo, temos mais dificuldades para manter o padrão da renda auferida com o trabalho. É exatamente para esse momento que guardamos uma parte da renda que auferimos ao longo de nossa vida produtiva. Em contraposição a essa realidade que são peculiares aos investimentos em bens tangíveis, particularmente representados por imóveis e, nesse caso, os imóveis urbanos são mais próximos do que aqui descrevemos, pode-se considerar as alternativas que temos hoje para a guarda de nosso patrimônio pessoal, amealhado ao longo da vida ou que se está obtendo atualmente.
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Por outro lado, o sistema bancário brasileiro é, hoje, um dos mais sólidos do mundo. Pode-se investir em aplicações financeiras, sempre com orientação de um profissional especializado, no caso dessa opção ser a escolhida, sem a desconfiança de que o banco poderá quebrar.
Em terceiro lugar, o Governo Federal se tornou um importante captador de recursos, por meio das operações de Tesouro Direto, que são interessantes opções de investimento, principalmente para o médio e longo prazos.
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É interessante também acrescentar que não se deve investir em um único tipo de bem. O dito popular "não coloque todos os ovos num único cesto" é bastante oportuno para o caso. Dados todos os custos indiretos que recaem sobre os imóveis e considerando as opções de investimento que temos hoje, em ações, títulos do governo e produtos bancários, é possível montar um portfólio de investimentos que nos dê rentabilidade e segurança, sem nos dar muito trabalho e exigência de desembolsos financeiros e dispêndio de tempo.
Autor: Alfredo Fonceca Peris
Economista e sócio-diretor da Peris Consultoria Empresarial