segunda-feira, 7 de novembro de 2011

A relação trabalho, renda e bem estar

A relação entre trabalho, renda e bem estar é altamente significativa em nossa sociedade. Quase todo o nosso bem estar está atrelado ao consumo. Para o bem ou para o mal, o consumo de bens ou de serviços está vinculado a praticamente todas as nossas atividades diárias, com exceção do momento em que estamos repousando. E mesmo nesse momento, queremos estar cercados de condições materiais que nos proporcionam muito conforto, porém custam caro para serem adquiridos e para serem mantidos.

Particularmente a partir do ano de 1989, quando o ex-presidente Fernando Collor de Melo iniciou o processo de abertura comercial, nós fomos expostos à oferta de uma infinidade de bens e serviços com os quais não estávamos acostumados. Hoje, praticamente todos os bens e serviços ofertados no mundo são ofertados, também, no Brasil.

Com certeza, o dinheiro nos proporciona conforto e bem estar. Não é garantia de felicidade, porém pode nos ajudar muito na sua obtenção. Agora, considerando que o bem estar está dependendo de renda, em função da nossa cultura atual, e esta depende do nosso trabalho, criamos um conflito difícil de administrar.

Nos últimos tempos, tenho observado que, no momento em que pergunto para alguém sobre o trabalho e faço aquela perguntinha básica e despretensiosa: E aí, como andam as coisas? Parece que as pessoas entendem essa pergunta como uma oportunidade de desabafar e aproveitar que alguém se predispôs a ouvi-la e alongar a resposta, adentrando para o campo do trabalho e da relação de maior ou menor bem estar em sua vida.

Como conclusão, tenho uma grande dúvida: será que estamos trabalhando muito e ganhando pouco ou trabalhando cada vez mais e gastando cada vez mais e, portanto, acreditando que o que ganhamos nunca é suficiente?

Principalmente nos momentos de expansão econômica, com conseqüente diminuição do desemprego e aumento da renda, como tivemos particularmente nos anos de 2010 e 2011, temos o péssimo hábito de incorporar uma série de novos gastos ao nosso orçamento. Parece que nos esquecemos que a economia vive de ciclos e após um ciclo de alta normalmente vem um período de calmaria e, na seqüência, um período de baixa onde diminui o nível de atividade econômica, o nível do emprego e da renda.

A impressão que tenho é que, nesse último trimestre de 2011, apesar de ser final de ano, já começamos a sentir alguns pequenos sintomas de diminuição da atividade econômica. Por conseguinte, as reclamações das pessoas aumentam.

Muitos dizem que tem a impressão de que algo está errado com ele. Trabalha, a cada dia, um pouco mais. Sente suas forças se esgotando. Nem por isso sua renda aumenta. Em contraprestação, parece que os gastos não param de aumentar. As pessoas que tem renda variável, como o profissional liberal, prestador de serviços ou funcionário que ganha por comissão, parece que sentem o problema com maior intensidade.

Com base nessas observações, tomo a liberdade de lançar uma reflexão: será que estamos sabendo administrar a relação trabalho, renda e bem estar de forma adequada? Será que nossa capacidade de trabalho é inesgotável? Será que podemos acreditar que sempre poderemos trabalhar mais e ganhar mais, uma vez que a economia vive de ciclos e nós vamos também envelhecendo e diminuindo nossas forças, muito embora nossa habilidade, conhecimento e experiência aumentam com o passar do tempo?

Ou será que temos que nos preocupar em sermos mais seletivos com a incorporação de novos gastos com aquisição de bens e serviços e tentar obter mais bem estar com as coisas mais simples do dia-a-dia que requerem menores dispêndios de dinheiro?

Pense nisso e boa semana! Ah, se encontrarem a resposta para a minha dúvida, por favor, divida conosco.

Autor: Alfredo Fonceca Peris
Economista e sócio-diretor da Peris Consultoria Empresarial