
Quando uma família vive em um imóvel alugado ela possui o direito de uso, o que lhe garante todas as prerrogativas legais em termos de privacidade, proteção e amparo da Lei. Todavia, não possui a propriedade. E poucas coisas, depois da obtenção de renda, proporcionam a uma pessoa maior segurança e cidadania que a propriedade de sua residência.

Tal qual nos é perguntado quando do casamento: “na alegria ou na tristeza, na saúde ou na doença, na pobreza ou na riqueza”, ao final de tudo, nosso lugar preferido é a casa. Portanto, qualquer esforço e até sacrifício poderá sempre ser aceito e válido para se obter a propriedade do local onde se vive, quer seja uma casa ou um apartamento, por simples ou luxuoso que seja. E nessa hora, talvez a proximidade da casa da mãe ou da sogra que poderá cuidar de nossos filhos enquanto estivermos ausentes para estudar ou trabalhar poderá ser o fator que mais contará na opção de compra ou não do imóvel. As leis econômicas e toda a sua tentativa de racionalidade poderão ser preteridas a alguma comodidade para nossos filhos ou para outros membros de nossa família.

Quando a aquisição de um imóvel tiver como objetivo a obtenção de lucro, principalmente com a sua valorização acima da inflação, somada ao seu aluguel, é possível ser mais racional e observar o comportamento dos seus preços de forma mais sistemática. Embora seja um assunto controverso e exatamente por isso, complexo, faço aqui a humilde tentativa de contribuir para a sua interpretação e compreensão.
Os preços dos imóveis têm um comportamento um pouco diferente do nível de preços das mercadorias, por exemplo. Normalmente, as mercadorias, em geral, têm seu nível de preços com um comportamento mais homogêneo. O Gráfico 1 trás uma proposição de comportamento que representa melhor o que acontece com os preços das mercadorias, por exemplo, produtos industrializados de consumo corrente.
Gráfico 1 - Comportamento dos preços da cesta básica em Cascavel-PR entre agosto/2010 e agosto/2011
Portanto, a tendência é que os preços de um conjunto de bens, como por exemplo, uma cesta básica, vá sofrendo pequenas alterações invariavelmente todos os meses. Talvez um produto da cesta baixe o preço naquele mês, em questão, em contrapartida outros sofrem aumentos de preços e, na média, a cesta básica apresenta um valor maior. Se ajustarmos a reta, veremos que, em média, o reajuste de preços ocorre ao longo de todo o ano, para mais e para menos, porém, a menos que haja deflação, sempre vai haver uma variação de preços positiva, a qual denominamos inflação.
Gráfico 2 – Ilustração do comportamento dos preços dos imóveis
Fonte: Elaborado pelo autor com fins ilustrativos.

Contrariamente, em momentos de recessão os preços dos imóveis tendem a ficarem estagnados, sem redução de preços, na média, por período igual ao da recessão econômica.
Portanto, aqueles que querem comprar imóveis como investimentos visando ganhos, deverão considerar, antes de tudo, sua baixa liquidez. Isso significa que se o indivíduo quiser se desfazer do imóvel e voltar a ter dinheiro, ele poderá ter que esperar. Além de ter desembolsos com a comissão do vendedor e os impostos que recairão sobre o ganho de capital que obtiver sobre o valor da compra.

Terceiro cuidado é evitar entrar no negócio no momento em que os imóveis estão no máximo de sua valorização, acreditando que continuarão a subir. Nesse momento, a compra será garantia de que haverá a necessidade de esperar todo o ciclo de estagnação, que pode durar e geralmente dura alguns anos, para a retomada dos preços. Essa é a hora boa de vender e jamais de comprar, a menos que se esteja comprando o imóvel para a moradia da família. Aí os critérios de avaliação podem ser mais flexíveis, conforme comentado no início desse artigo.
A compra de imóveis visando ganhos obedece ao mesmo critério do investimento em bolsa de valores. A compra deverá ser sempre de papéis com boa liquidez e, preferencialmente, para o pequeno investidor, adquiridos em momentos de baixa dos preços e nunca nas épocas de euforia.
Pense nisso e boa semana.
Autor: Alfredo Fonceca Peris
Economista e sócio-diretor da Peris Consultoria Empresarial