
Com as empresas, não é diferente. Podemos encontrar empresas do mesmo ramo, às vezes funcionando no mesmo endereço, por exemplo, num shopping center, num prédio ou numa galeria, porém jamais encontraremos empresas iguais. Se tivermos matriz e filial, na mesma cidade, igualmente serão empresas diferentes. Isso se dá, principalmente, pela ação das pessoas que fazem a empresa. Não se consegue fazer matriz e filial funcionarem em endereços distintos, que seja na mesma cidade, com as mesmas pessoas. O fato de conviver pessoas diferentes, já é suficiente para dar uma conformação diferente para aquela unidade empresarial.

A relação família e empresa pode ser motivo de muitas alegrias mas, na maioria das vezes e, principalmente, nos primeiros anos de sua existência, é motivo de muitas aflições e preocupações. Chegando, em alguns casos, a ser motivo até de separação do casal ou de atritos constantes.
Como os aspectos culturais são tão importantes, geralmente cada membro do casal tem uma formação educacional e cultural diferente. Assim sendo, a tendência é terem idéias diferentes de como administrar a empresa. Se tudo vai bem, as discussões do que, como e quando fazer, são mais amenas e tendem a causar menos estragos no relacionamento dos membros da família, essencialmente marido e mulher que, na maioria das vezes, são os sócios da empresa. Se a empresa estiver com problemas, aí os estragos são sempre maiores.

A experiência adquirida nesses anos trabalhando no ramo da consultoria tem mostrado que a primeira grande dificuldade que as pessoas têm é separar a gestão da empresa da gestão da família. Tenho sempre orientado as pessoas a não levar os problemas da empresa para casa. De nada adianta fechar as portas da empresa ao final do dia ou da semana e ir para casa levando todos os seus problemas.
A casa precisa ser o reduto de paz, tranqüilidade, descanso e de diálogo procurando resolver os problemas que afetam a família diretamente. Por exemplo, a renda obtida pela família pode vir da empresa. Na empresa se resolve o quanto é possível ser retirado pela família para sua sobrevivência. Se a empresa não for capaz de suprir todas as necessidades da família, novas alternativas deverão ser criadas. Por exemplo, um ou mais membros da família ficam trabalhando na empresa e o outro ou os demais vão trabalhar fora da empresa. Se o volume de capital da empresa não for suficiente para gerar a renda que a família precisa, um volume maior de tempo para o trabalho deverá ser despendido de tal forma que compense a falta de capital.


Cada um tem que colocar suas demandas e prioridades, a começar pela mulher, que é sempre a administradora do lar e que, portanto, sabe o que é essencial e que não pode faltar. Se todos participarem da elaboração do orçamento, incluindo as crianças, todos terão plenas condições de saber quais as limitações orçamentárias da família. Isso facilitará as negociações entre seus membros, melhorará o relacionamento e despertará todos para a necessidade de investir em educação caso queiram melhorar sua renda e suas possibilidades de novos gastos.

Em primeiro lugar, o que se resolver fazer deverá ser de conhecimento de todos os membros. Por que se está fazendo assim e agora e por que será feito depois de forma igual ou diferente. Muitos atritos entre membros da família serão resolvidos durante essas negociações. Sem contar que pessoas educadas assim serão chefes de famílias e empresários bem mais organizados e com melhor qualidade de vida no futuro.
Na empresa, as questões são mais técnicas e precisam ser administradas seguindo uma metodologia um pouco mais complexa, porém de fácil assimilação, caso haja a constatação da necessidade e o interesse em aprender.

A partir do relatório do caixa é possível se fazer uma DRE que é a abreviação de Demonstrativo de Resultado do Exercício. Com essa apuração, será possível avaliar o desempenho da empresa no período. Novamente o contador poderá dar as orientações necessárias e, no caso delas não serem suficientes, um consultor poderá ser procurado. Essa ação deverá ser considerada como essencial e fazer parte dos investimentos necessários para a implantação de uma empresa. Não é, definitivamente, um custo e sim um investimento.
Além da elaboração do caixa e da DRE, mensalmente, faz-se necessário, ainda, a elaboração do fluxo de caixa, que é o equivalente ao orçamento familiar. Este poderá ser o principal indicador das possibilidades de gastos e investimentos da empresa.
E para finalizar, a empresa precisa ter o hábito de elaborar, mensalmente, um balanço econômico, onde ela fará uma avaliação dos seus haveres e dos seus deveres, sempre a preço de mercado, para que possa identificar para onde o lucro ou o prejuízo apurado na DRE está sendo alocado.
Se a empresa está obtendo lucros, estes podem estar sendo alocados para investimentos em construções, aquisição de máquinas e equipamentos, veículos, por exemplo, ou podem estar ficando em estoques de matérias primas ou produtos prontos. Ou se está sendo destinado para financiar clientes e está no contas a receber ou no caixa. Contrariamente, se a empresa está gerando prejuízos, se este prejuízo está consumindo as reservas da empresa em estoques de matérias primas e de produtos acabados e em dinheiro no caixa. Ou se está aumentando o endividamento geral da empresa.
Autor: Alfredo Fonceca Peris
Economista e sócio-diretor da Peris Consultoria Empresarial